Primeira abordagem pós Covid-19 no IT
Neste momento, não importa em que parte do mundo esteja a viver, a pandemia do coronavírus (COVID-19) provavelmente está a forçar mudanças radicais na sua vida cotidiana. Essa realidade é uma verdade para empresas de todos os setores, que tiveram de se adaptar rapidamente à medida que as restrições eram postas em prática para diminuir a propagação do vírus.
No entanto, há um setor, que não desacelerou tanto devido à pandemia. A indústria global de IT, que mudou rapidamente para acomodar a necessidade repentina por soluções de trabalho remoto, já que a maioria das empresas mudou para trabalhar exclusivamente de forma digital. Neste processo, após grande parte da economia global ter sido paralisada, e com a chegada da(s) vacina(s) já começamos a ter vestígios de regresso à “normalidade”. A mudança foi tão repentina que põe em questão como (e em que moldes) as empresas irão voltar à forma como funcionavam anteriormente.
Uma coisa parece certa, é que o setor de TI será profundamente afetado pela crise que os restantes sectores sentem. Está a ser forçado a repensar por completo o que será necessário para acomodar as necessidades de tecnologia nos negócios à medida que o tempo vai passando.
Com essa necessidade em mente, aqui estão 3 impactos importantes pelos quais o setor de IT provavelmente mudará como resultado da crise do coronavírus:
1. Mudanças para serviços Cloud irá aumentar
a. Antes do coronavírus, as empresas globais estavam gradualmente a passar de hardware local para serviços Cloud. Ainda assim, apesar de todo o progresso feito, existem dados (McKinsey & Company) que indicam que a maioria das empresas tinha transferido apenas cerca de 20% da sua workload para a cloud - os 80% restantes permanecem em soluções locais. Essa resistência em colocar os seus serviços online tem dificultado a capacidade de muitas organizações de realocar recursos para apoiar os trabalhadores que trabalham fora dos escritórios.
b. Não deve ser muito depois de as empresas começarem a voltar ao normal para ver muitas empresas a acelerar os planos de mover a maior parte do seu hardware local para seriços cloud. É a maneira mais inteligente para ganhar flexibilidade de forma a lidar com qualquer eventualidade, bem como diminuir despesas operacionais de tecnologia de agora em diante.
2. A flexibilidade horária tornar-se-á padrão
a. Mesmo antes do coronavírus, empresas de todos os tipos já começavam a adotar coisas como horários de trabalho flexíveis e políticas de trabalho remoto para fornecer uma melhor experiência aos funcionários.
b. Nos últimos anos já existiam empresas que optavam por espaços de coworking em vez de escritórios permanentes. As empresas que faziam isso também tendiam a adotar conceitos de TI como traga seu próprio dispositivo (BYOD – “Bring your own device”) para ajudar a apoiar o conceito de força de trabalho “nómada”.
c. Depois que a vacina faça com que a imunidade de grupo seja uma realidade, mais empresas correrão para adotar soluções de IT padronizadas para oferecer suporte ao BYOD e outras iniciativas de tecnologia flexível.
d. Em vez de gastar parte do orçamento de IT em dispositivos de propriedade da empresa, passarão a gastá-lo numa infra-estrutura de gestão para aplicar a política de tecnologia da empresa nos dispositivos dos funcionários. No final das contas, pode ocasionar o verdadeiro fim da era do PC que os especialistas prevêem há alguns anos.
3. Tecnologia de automação (AI) vai crescer
a. Avanços recentes em inteligência artificial (AI) e automação de processos robóticos (RPI) começaram lentamente a entrar em negócios em todo o mundo.
b. Em um ambiente pós-coronavírus, é quase certo que as empresas começarão a adotar a automação sempre que for possível e continuarão a investir em tais tecnologias no futuro.
c. Essa acção é a maneira mais segura de minimizar futuras interrupções nos negócios, como a que algumas empresas estão a enfrentar agora. Afinal, os computadores não são afetados por pandemias globais e os sistemas automatizados tendem a exigir apenas o mínimo de manutenção e intervenção humana na maioria dos casos.
Atenção que nem tudo são facilidades e decisões estratégicas, existem algumas preocupações/problemas que as empresas têm de enfrentar neste momento de transição que esta verdadeira transformação digital nos está a provocar.
1. Trabalhadores
As preocupações com pessoal aumentam para funcionários em tempo integral, bem como para trabalhadores temporários, como consultores, que geralmente trabalham em regime de outsourcing.
Uma desaceleração no recrutamento resultante da crise pode afetar uma futura faixa de trabalhadores qualificados em determinados sectores.
É provável que os riscos de segurança cibernética aumentem como resultado de mais pessoas trabalhando remotamente.
Passos a considerar:
Determine quais funções críticas devem permanecer no local de trabalho e quais podem ser realizadas remotas.
Comunique-se de forma clara, precisa e frequente sobre considerações de saúde e segurança.
Apresente plataformas cibernéticas que oferecem suporte a funcionários remotos. Ter menos funcionários no escritório torna mais seguro para aqueles cujos empregos exigem que eles estejam lá.
Fortaleça a sua força de trabalho através de formação.
Repense benefícios para os trabalhadores pontuais e ou em trabalho remoto.
2. Estratégicos
A desaceleração económica súbita ou prolongada levará as empresas a considerar cortes orçamentários significativos que eliminem os gastos sem retorno.
Trabalho remoto, educação online e distanciamento social criarão uma procura por produtos e serviços fornecidos pela indústria tecnológica.
A crise ressalta a necessidade de modelos de negócios flexíveis e resilientes.
As avaliações de empresas podem tornar-se atrativas para aquisições por empresas ricas em dinheiro que anteriormente estavam sentadas à margem e que podem usas essas empresas para dinamizar uma mudança de paradigma interno.
Passos a considerar:
Reavalie a estrutura de custos.
Prepare-se para uma potencial desaceleração avaliando quais as alavancas organizacionais devem ser acionadas nesse sentido.
Reforçar a gestão de risco corporativo.
Hélder Castro
Project Manager